

Transformações no Conceito de Casamento
O casamento, um dos contratos sociais mais antigos e tradicionais, está passando por uma transformação significativa no Brasil. Historicamente, o casamento foi uma instituição resistente às mudanças, mas nas últimas décadas, uma série de fatores sociais e culturais tem redefinido o que significa estar em uma união conjugal.
Essas mudanças são impulsionadas por eventos como a popularização da pílula anticoncepcional e a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho. Esses fatores proporcionaram às mulheres maior controle sobre suas vidas reprodutivas e financeiras, permitindo que escolham se desejam ou não ter filhos e como desejam estruturar suas vidas pessoais.
O Crescimento das Uniões Informais
De acordo com os dados mais recentes do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as uniões informais agora representam a maioria dos lares brasileiros. Pela primeira vez desde 1872, a proporção de casais vivendo juntos sem um contrato formal superou aqueles casados no civil ou religioso.
Atualmente, 38,9% dos casais brasileiros vivem em uniões informais, enquanto 37,9% são casados oficialmente. Isso representa um aumento significativo em relação a duas décadas atrás, quando apenas 28,6% dos casais optavam por não formalizar sua união.
Mudanças na Estrutura Familiar
Além do aumento das uniões informais, há uma mudança notável na estrutura familiar brasileira. Pela primeira vez, menos da metade dos lares brasileiros é composta por casais com filhos, representando agora 42% do total. Essa mudança reflete uma transição nos valores e prioridades das famílias modernas.
Casais como os engenheiros Kayro Aguilar e Stephany Gesser estão optando por não ter filhos, uma decisão que, no passado, poderia ter sido vista com desconfiança, mas que agora é mais aceita. Para eles, a escolha de viver sem filhos é uma questão de estilo de vida e não afeta a percepção de serem uma família completa.


A Nova Dinâmica dos Relacionamentos
O conceito de casamento não está desaparecendo, mas evoluindo. As uniões contemporâneas são vistas como mais racionais e menos idealizadas. Pesquisas indicam que casais que abordam suas relações com uma perspectiva prática têm mais chances de sucesso.
Histórias como a de Simone Lopa e Agnaldo Cabral ilustram essa mudança. Eles decidiram morar juntos por conveniência enquanto cursavam a mesma faculdade e, duas décadas depois, continuam juntos sem nunca terem formalizado a união. Para eles, o papel passado não faz diferença em sua relação.
A Liberdade de Escolha e o Fim do Estigma do Divórcio
Outro aspecto das uniões modernas é a liberdade de se desfazer do compromisso quando ele não é mais satisfatório. O estigma associado ao divórcio está diminuindo, permitindo que as pessoas tomem decisões que priorizam seu bem-estar e felicidade.
A possibilidade de se separar sem julgamento social é especialmente significativa para as mulheres, que agora têm mais autonomia financeira. De acordo com o Censo, 49% das mulheres brasileiras ganham mais que seus parceiros, o que representa o dobro do que era no início do século.
Há uma transição de valores em curso que impacta em cheio o olhar sobre o casamento. Atualmente, as prioridades de vida são outras.
| Ano | Uniões Informais (%) | Casamentos Formais (%) |
|---|---|---|
| 2023 | 38,9 | 37,9 |
| 2003 | 28,6 | 51,4 |
Fonte: veja.abril.com.br

